quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Proposta de Ação "Modelos"
Tema – Os equipamentos e a estrutura da escola (1a. versão)
Introdução:
A questão dos equipamentos e da estrutura escolar no ensino público brasileiro passa por dois pontos básicos: as verbas destinadas às escolas e, por outro lado, as ocorrências significativas do vandalismo no interior da escola. Considerando tais coordenadas, pensamos em um projeto, que ao mesmo tempo exigisse pouco recurso financeiro do Estado e criasse uma relação mais estreita e de maior responsabilidade do aluno com os equipamentos e a estrutura de sua escola.
Objetivos:
Introduzir uma estação de rádio aos equipamentos da escola, sendo incorporada também como recurso metodológico para o professor na sala de aula. A idéia é que houvesse uma troca entre os conteúdos tratados pelo professor e a programação da rádio, criada pelos alunos. Com isso, além de aprimorar a sensação de pertencimento do aluno à escola, seria promovida também uma maior integração entre os personagens da comunidade escolar, bem como com o seu entorno.
Estratégias:
1) Captação de recursos:
É importante que os recursos para a montagem do equipamento necessário para a estação de rádio sejam captados pela própria comunidade escolar, com maior e efetiva participação dos alunos, pois assim a relação e o cuidado destes com o equipamento seria outra, pois seria uma conquista própria do aluno. Dentre as possíveis estratégias para chegar a tal quadro destacamos: busca de patrocínio do comércio local (que teria espaço publicitário reservado na programação da rádio); promoção de festas para a valorização da comunidade escolar (com o intuito de arrecadar dinheiro); e inclusive coletar doações de equipamentos e/ou verbas.
2) Administração da rádio:
As estratégias de administração teriam como objetivo básico não sobrecarregar o professor, ao fazer da rádio uma atividade extracurricular, que seria supervisionada por ele. Neste sentido, buscar-se-ia uma maior autonomia dos alunos na realização da atividade. Em primeiro lugar, haveria uma separação por turmas para a produção de pautas jornalísticas. Com isso, eliminar-se-ia a necessidade de um tempo extra à carga horária regular para o auxílio do professor aos alunos, pois ele se daria na sala de aula.
Público-alvo:
Escolas públicas do Estado de São Paulo
Tema - Professor dentro e fora da escola (1a. versã0)
Introdução:
O professor, dentro das instituições educacionais, se distancia, muitas vezes, da realidade da comunidade na qual está inserido como educador. É preciso, então, uma via dupla de interação entre escola e comunidade. Estar de portas abertas recebendo os agentes comunitários e moradores para ampliar a discussão sobre a realidade da região, assim como, introduzir e aproximar a escola de outros órgãos comunitários, tornando-a participativa e agente de mudanças.
Objetivo:
Pensamos dinamizar, integrar, resgatar os laços entre a escola e a comunidade através dos professores para com isso humanizar as diversas disciplinas e incentivar autonomia e o exercício da autonomia entre os alunos
Estratégia:
A visão de professores de diversas disciplinas com o objetivo de conhecer, mapear e levantar as diferentes instâncias da realidade local, as quais essas disciplinas se relacionam, como a geografia do bairro, a memória e a história do bairro, as manifestações da cultura local, a língua e o falar dos seus moradores, assim como, a criação de vínculos de integração entre as instituições e aparelhos da comunidade e a escola e seus agentes. Possíveis focos são: hospitais, associações de moradores, clubes, casa de cultura, delegacias, museus, teatros, bibliotecas, etc.
Público Alvo:
Escola, como instituição, professores como sujeito social e alunos e comunidade como agentes de transformação crítica da sociedade.
Programa e Cronograma
Agosto: Elaboração coletiva da proposta de curso
Dia 1 (Aula - 1) – Apresentação dos alunos. Definição da proposta e programação do curso. Formas de avaliação.
- Elaboração de ficha de identificação e de acompanhamento do curso.
- Elaboração de autobiografias escritas individualmente e posteriormente socializadas em grupo e em plenária. O objetivo será o conhecimento de suas trajetórias e interesses. (trabalho individual nr. 1)
- Levantamento de temas e questões de deverão ser trabalhadas durante o semestre
Dia 08 (Aula - 2)– Apresentação e debate de um filme: “Pro Dia Nascer Feliz”
Dia 15 (Aula - 3) – Apresentação do programa do curso.
Aula história - Tema 1 – O lugar da escola na sociedade brasileira (inclui: história da escola; organização do sistema escolar; educação pública e privada; qualidade da educação; relações escola família e escola comunidade; indisciplina e violência na escola; progressão continuada; avaliação, seriação, ciclos).
Bibliografia Geral do curso:
HILSDORF, M.L. História da Educação Brasileira: leituras. São Paulo: Thomson, 2003.
Atividade – Aula dialogada
Indicação de leitura básica para a aula histórica
VIDAL, D.G. e FARIA FILHO, L.M. A escolarização no Brasil: cultura e história da educação, mimeo.
Dia 22 (Aula - 4) – Tema 1 – O lugar da escola na sociedade brasileira (inclui: história da escola; organização do sistema escolar; educação pública e privada; qualidade da educação; relações escola família e escola comunidade; indisciplina e violência na escola; progressão continuada; avaliação, seriação, ciclos).
Bibliografia da aula:
CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Relações entre família e escola e suas implicações de gênero. Caderno de Pesquisa, jul. 2000, no.110, p.143-155. (www.scielo.br)
BARRETTO, Elba Siqueira de Sá e SOUSA, Sandra Zákia. Estudos sobre ciclos e progressão escolar no Brasil: uma revisão. Educação e Pesquisa, jan./abr. 2004, vol.30, no.1, p.31-50. (www.scielo.br)
FERNANDES, Claudia de Oliveira. A escolaridade em ciclos: a escola sob uma nova lógica. Caderno de Pesquisa, jan./abr. 2005, vol.35, no.124, p.57-82. (www.scielo.br)
MARRIEL, Lucimar Câmara, ASSIS, Simone G., AVANCI, Joviana Q. et al. Violência escolar e auto-estima de adolescentes. Caderno de Pesquisa, jan./abr. 2006, vol.36, no.127, p.35-50. (www.scielo.br)
LAHER, Roberto. Educação no governo Lula da Silva: reformas sem projeto. Revista Adusp. Maio 2005, p. 46-54
(www.adusp.org.br/revista/34/r34a06.pdf).
SOUZA, Rosa Fátima. Política Curricular no Estado de São Paulo nos anos 1980 e 1990. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 127, p. 203-221, jan./abr. 2006. (www.scielo.br)
THIN, Daniel. Para uma análise das relações entre famílias populares e escola: confrontação entre lógicas socializadoras. Revista Brasileira Educação, Ago 2006, vol.11, no.32, p.211-225. (www.scielo.br)
TORRES, Rosa Maria. Repetência Escolar: Falta do aluno ou falha do sistema? Revista Pátio. Ano III, n.11, nov. a jan. 2000.
Atividade - Discussão dos textos e elaboração dos temas para a Proposta de Ação
1) Idéias interessantes retiradas dos textos (trabalho individual);
2) Trabalho em grupo (socialização das sistematizações individuais e produção coletiva)
3) Apresentação dos resultados dos grupos – palavra aberta e debate;
4) Definição dos temas que serão alvo de elaboração de Propostas de Ação; Registro individual e em grupo para a elaboração final da proposta de ação.
Dia 29 (Aula - 5) – Tema 1 – O lugar da escola na sociedade brasileira (inclui: história da escola; organização do sistema escolar; educação pública e privada; qualidade da educação; relações escola família e escola comunidade; indisciplina e violência na escola; progressão continuada; avaliação, seriação, ciclos).
Atividades
2) Elaboração de propostas de ação coletiva (trabalho coletivo nr. 1). Socialização e discussão das propostas de ação coletiva; Proposta de ação individual (trabalho individual 2).
Setembro
Dia 05: Semana da Pátria – Recesso escolar.
Dia 12 – (Aula - 6) – Tema 1 – O lugar da escola na sociedade brasileira
Atividade - Quatro Estações
1 - Vídeo Além da Lousa: culturas juvenis: presente! Vídeo. São Paulo: Ação Educativa, 2001
2 – Visita ao Museu do Brinquedo
3 – Visita ao Labrimp
4 – Visita ao Centro de Memória da USP
A turma será dividida em 4 grupos – Todos irão fazer todas as atividades. Após terem passado pelas 4 estações, elaborem um relatório fazendo um breve comentário sobre o que foi mais significativo para sua aprendizagem ter conhecido cada uma destas experiências. (trabalho individual nr. 3)
Dia 19 (Aula 7) – Tema 2 – Sujeitos da Educação: Professor e alunos (Inclui: política de formação; relação professor – aluno; motivação e interesse; lugar social do professor; autoridade docente; diversidade dos alunos; inclusão; exclusão).
Atividade – Aula dialogada
Bibliografia indicada para a aula histórica:
TANURI, Leonor. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação nr.14, p.61-89, maio/ago.2000 (www.anped.org.br).
Dia 26 (Aula - 8) – Tema 2 – Sujeitos da educação: Professores e alunos (Inclui: política de formação; relação professor – aluno; motivação e interesse; lugar social do professor; autoridade docente; diversidade dos alunos; inclusão; exclusão).
Bibliografia da aula:
CARVALHO, Marília Pinto de. Quem são os meninos que fracassam na escola?. Caderno de Pesquisa, jan./abr. 2004, vol.34, no.121, p.11-40. (www.scielo.br)
MAUÉS, Olgaíses Cabral. Reformas internacionais da educação e formação de professores. Cadernos de Pesquisa, Mar 2003, no.118, p.89-118. (www.scielo.br)
ESTEVE, José M. Fatores de mudança: doze elementos de transformação no sistema escolar. In: NÓVOA, Antônio (Org.) Profissão Professor. Porto: Porto Editora, 1995, 93-129.
GOMES, Nilma Lino. Diversidade cultural e formação de professores. Educação em Revista. Belo Horizonte, no. Especial, set. 2000
LAPO, Flavinês Rebolo e BUENO, Belmira Oliveira. Professores, desencanto com a profissão e abandono do magistério. Caderno de Pesquisa, mar. 2003, no.118, p.65-88. (www.scielo.br)
Atividade - Discussão dos textos e elaboração dos temas para a Proposta de Ação
1) Idéias interessantes retiradas dos textos (trabalho individual);
2) Trabalho em grupo (socialização das sistematizações individuais e produção coletiva)
3) Apresentação dos resultados dos grupos – palavra aberta e debate;
4) Definição dos temas que serão alvo de elaboração de Propostas de Ação; Registro individual e em grupo para a elaboração final da proposta de ação.
Outubro
Dia 03 (Aula 9) - Tema 2 – Sujeitos da educação: Professores e alunos (Inclui: política de formação; relação professor – aluno; motivação e interesse; lugar social do professor; autoridade docente; diversidade dos alunos; inclusão; exclusão).
Atividades
1) Elaboração de propostas de ação coletiva (trabalho coletivo nr. 2). Socialização e discussão das propostas de ação coletiva; Proposta de ação individual (trabalho individual 4).
Dia 10 – Anped (sem aula)
Dia 17 (aula 10) - Tema 2 – Sujeitos da educação: Professores e alunos (Inclui: política de formação; relação professor – aluno; motivação e interesse; lugar social do professor; autoridade docente; diversidade dos alunos; inclusão; exclusão).
Atividade – Vídeo: A invenção da infância, de Liliana Sulzbach
Bibliografia indicada para a aula histórica:
MOURA, Esmeralda Blanco Bolsonaro de. Meninos e meninas na rua: impasse e dissonância na construção da identidade da criança e do adolescente na República Velha. Revista Brasileira de História, Set 1999, vol.19, no.37, p.85-102. (www.scielo.br)
KUHLMANN, Moysés. Histórias da educação infantil brasileira. Revista Brasileira de Educação nr.14, p.5-18, maio/ago.2000 (www.anped.org.br)
Dia 24 (Aula - 11) – Tema 3 - Métodos e materiais da escolarização no Brasil (inclui: histórico das metodologias do ensino; metodologias e aprendizagens; tecnologia na sala de aula; métodos inovadores na educação; conflitos entre mídia e a educação escolar)
Atividade – Apresentação e debate do filme “Nenhum a menos” - (trabalho individual 5).
Dia 31 (sem aula) - VIII Congresso Iberoamericano de História da Educação.
Novembro
Dia 07 – (Aula 12) - Tema 3 - Métodos e materiais da escolarização no Brasil (inclui: histórico das metodologias do ensino; metodologias e aprendizagens; tecnologia na sala de aula; métodos inovadores na educação; conflitos entre mídia e a educação escolar)
Bibliografia Aula Histórica:
VIDAL, Diana Gonçalves. A Escola Nova e o processo educativo (1920-1930). In: LOPES, Eliane T. et al (org.) 500 anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, 497-518.
Atividades - Aula dialogada, análise de sites educativos
Dia 14 (Aula - 13) – Tema 4 - Métodos e materiais da escolarização no Brasil (inclui: histórico das metodologias do ensino; metodologias e aprendizagens; tecnologia na sala de aula; métodos inovadores na educação; conflitos entre mídia e a educação escolar)
Bibliografia da aula:
CARVALHO, José Sérgio. O discurso pedagógico das diretrizes curriculares nacionais: competência crítica e interdisciplinaridade. Caderno de Pesquisa, mar. 2001, no.112, p.155-165. (www.scielo.br)
VIÑAO FRAGO, Antonio. História da alfabetização versus história do pensamento, ou seja, da mente humana. In: _____Alfabetização na sociedade e na história. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, p. 69-80.
PRETTO, Nelson e PINTO, Cláudio da Costa. Tecnologias e novas educações. Revista Brasileira de Educação, jan./abr. 2006, vol.11, nr.31, p.19-30.
Duarte, Rosália, Leite, Camila and Migliora, Rita Crianças e televisão: o que elas pensam sobre o que aprendem com a tevê. Revista Brasileira de Educação, Dez 2006, vol.11, nr.33, p.497-510.
Porto, Tania Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na escola: relações possíveis... relações construídas. Revista Brasileira de Educação, Abr 2006, vol.11, nr.31, p.43-57.
SETTON, Maria da Graça. Família, escola e mídia: um campo com novas configurações. Educação e pesquisa, vol. 28, nr. 1, p. 107-116, jan.jun. 2002. (www.scielo.br)
Atividade: Discussão dos textos e elaboração dos temas para a Proposta de Ação
1) Idéias interessantes retiradas dos textos (trabalho individual);
2) Trabalho em grupo (socialização das sistematizações individuais e produção coletiva);
3) Apresentação dos resultados dos grupos – palavra aberta e debate;
4) Definição dos temas que serão alvo de elaboração de Propostas de Ação; Registro individual e em grupo para a elaboração final da proposta de ação.
Dia 21 – (Aula - 14) – Tema 3 - Métodos e materiais da escolarização no Brasil (inclui: histórico das metodologias do ensino; metodologias e aprendizagens; tecnologia na sala de aula; métodos inovadores na educação; conflitos entre mídia e a educação escolar)
Atividades
1) Elaboração de propostas de ação coletiva (trabalho coletivo nr. 3). Socialização e discussão das propostas de ação coletiva; Proposta de ação individual (trabalho individual 6).
Dia 28 (Aula - 15) – Apresentação de Seminários (implementação da proposta)
Dezembro
Dia 05 (aula 16) – Apresentação de Seminários (implementação da proposta) e avaliação do curso pelos alunos.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Texto Aula Histórica (15/08)
Diana Gonçalves Vidal (USP)
Luciano Mendes de Faria Filho (UFMG)
O processo de escolarização formal no que viria a ser o território brasileiro começou em 1549, com a chegada dos padres Jesuítas, quase 50 anos após a descoberta das terras pelos portugueses em 1500. Dava-se início ao que ficou conhecido na História do Brasil como período colonial, que se estenderia até 1822, quando foi proclamada a independência brasileira da Coroa portuguesa.
1. O surgimento da educação oficial: as aulas avulsas
2. As tentativas de organização do sistema educacional
Após as leis de 1827, outro importante marco no processo de escolarização no Brasil foi o Ato Adicional de 1834. Este “ato” era um conjunto de normas legais que modificava a constituição de 1824. No que se refere à educação, o Ato Adicional estabelecia que as Assembléias Provinciais teriam competência para atuar e estabelecer leis sobre o ensino elementar e secundário e que o Estado Imperial cuidaria do ensino superior em todo o território nacional e dos demais níveis de ensino apenas no município da Corte.
No entanto, há que se considerar que o Estado Imperial brasileiro e, sobretudo a partir do Ato Adicional de 1834, as Províncias do Império foram pródigos em estabelecer leis referentes à instrução pública. No que se refere ao Estado Imperial, às leis de 1827 sucederam várias outras com o intuito de normatizar a instrução no Município da Corte. Tais leis acabavam, no entanto, por servir, dentro de certos limites, de referência para as províncias. No que concerne a estas últimas, a partir de 1835 e ao longo de todo o Império, as Assembléias Provinciais e os Presidentes das Províncias fizeram publicar um número significativo de textos legais, levando-nos a acreditar que a normatização legal constituiu-se numa das principais formas de intervenção do Estado no serviço de instrução.
No entanto, diferentemente dos países europeus, o ideário iluminista teve que se haver, no Brasil, com uma sociedade baseada na escravidão, em que a maioria da população, escrava e/ou pobre, estava de antemão excluída da cidadania. É preciso lembrar que em todo o período imperial, a eleição dos representantes nas Câmaras e no Senado era feita por voto censitário, ou seja, era preciso que o eleitor e o candidato, além de serem livres, possuíssem uma determinada renda anual (que variava de acordo com o cargo pleiteado) para ter direito a votar e ser votado.
No terreno da educação escolar propriamente dito, os intelectuais e políticos partiam da idéia de que aos brasileiros, sobretudo aos mais pobres, faltavam os traços da civilidade. Assim, do mesmo modo aos povos indígenas e aos africanos, os pobres, mesmo os brancos, deveriam passar pela escola para adquirir os rudimentos da cultura e civilização ocidental.
Foi sobretudo a partir de 1870, portanto já no final do século XIX, momento de propaganda e de expansão do ideário republicano, que iriam surgir novas idéias no que se refere à educação. Mesmo considerando que a maioria dos republicanos defendia muito mais uma simples mudança de regime de governo do que uma mudança efetiva nas relações sociais e econômicas muitos desiguais presentes na sociedade brasileira, é preciso ver que eles repunham com grande força a necessidade da educação do povo. Pois acreditavam que sem ela não existira nem ordem nem progresso.
De outra parte, a política inaugurada com o Ato Adicional de 1834 continuava a vigorar: o governo central da República continuava cuidando do ensino superior direcionado a elites e deixava o ensino primário, secundário e profissional entregue à responsabilidade de cada Estado da Federação. O resultado continuava sendo a ausência de um sistema nacional de ensino e a existência de inúmeros sistemas estaduais diferentes e desiguais a depender das finanças de cada um dos entes federados.
3. As primeiras décadas republicanas e a criação do Ministério de Educação e Saúde
Para tanto, um decisivo impulso foi dado à educação elementar. Criaram-se, em 1893, os primeiros Grupos Escolares, denominação que receberam as escolas graduadas no Brasil. Ampliou-se o currículo das escolas primárias, incorporando disciplinas de caráter científico e objetivando a educação física, intelectual e moral do aluno. Apesar de manter o ensino das prendas domésticas para as meninas, assegurou-se o acesso feminino às demais disciplinas curriculares, rompendo com a desigualdade prevista no Império. Investiu-se, por fim, como já havíamos dito, na construção de prédios escolares.
No entanto, para que se desse centralidade à criança era preciso, também, mudar os métodos de ensino, torná-los mais participativos; mudar os professores, aproximando-os das inovações científicas no campo da educação e da cultura; e, finalmente, era preciso, ainda, reformar os programas e currículos escolares para que os conhecimentos fossem de maior interesse para as crianças e mais próximos à realidade dos alunos.
4. A Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Apesar das resistências dos diversos governos estaduais, a partir dos anos 1950, mais e mais as camadas populares logravam êxito em suas lutas por mais escolas para seus filhos. Assim, foi em razão das lutas e das iniciativas dos setores populares – que muitas vezes cediam ou construíam espaços para o funcionamento das escolas e contribuíam com o mobiliário – que milhares e milhares de crianças pobres chegaram às escolas públicas em todos os estados brasileiros.
5. A virada tecnicista da educação nos tempos da ditadura militar
No que concerne ao primeiro aspecto, a lei organizou o sistema educacional em três Graus sucessivos. No 1º Grau, o antigo ensino primário e o ginasial foram associados, compondo 8 anos de escolarização, tornada obrigatória. Com a medida, suspendiam-se os exames de admissão, surgidos em 1925, que significavam um verdadeiro obstáculo à progressão escolar. Visava-se conter os movimentos reivindicatórios que pleiteavam a expansão de vagas do ensino secundário. A implantação da lei, entretanto, foi lenta, padecendo a iniciativa de falta de investimento público seja na oferta de condições materiais para o funcionamento de novas escolas - no estado de São Paulo, por exemplo, ainda em 1978, não havia prédios escolares suficientes para funcionamento da nova estrutura - e de condições humanas - a ampliação do tempo de escolarização obrigatória repercutiu em um aumento do corpo docente, mas também em uma diminuição salarial da categoria.
Bibliografia
Azevedo, Fernando. A transmissão da cultura. São Paulo, Melhoramentos, 1976.
Bastos, Maria Helena Câmara e Faria Filho, Luciano Mendes de (Orgs.) A escola elementar no século XIX: o método monitorial/mútuo. Passo Fundo, EdUPF, 1999.
Cunha, Luiz Antonio. A universidade temporã. O ensino superior da Colônia à Era Vargas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
Faria Filho, L.M. e Vidal, D.G. As lentes da história. Campinas: Autores Associados, 2005.
França, Jean M. Carvalho. Aspectos civilizatórios da passagem de D. João VI pelo Rio de Janeiro. Belo Horizonte, Educação em Revista, 27, p. 17-28, julho-98.
Hansen, João A. Padre Antônio Vieira – Sermões. In: Mota, Lourenço D. (Org.). Introdução ao Brasil: um banquete no trópico. São Paulo, Editora SENAC, 1999, p. 23-54.
Hilsdorf, Maria Lúcia. História da Educação Brasileira: leituras. São Paulo: Thomson, 2003.
Mello e Souza, Laura de. O diabo e a terra de Santa Cruz. São Paulo: Cia. Das letras, 1987.
Vilela, Heloisa. O mestre-escola e a professora. In: Lopes, Eliane M. T., Faria Filho, Luciano M. de, Veiga Cynthia Greive. (Orgs.) 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte, Autêntica Editora, 2000, p. 95-134.
Roteiro Elaboração "Proposta de Ação Individual e Coletiva"
1º Momento:
- Introdução (apresentação do problema);
- Objetivos (o que quer com a ação);
- Estratégias (apresentar a forma como o problema será enfrentado);
- Público Alvo (a proposta será dirigida a segmento da escola, do poder público, dos movimentos sociais, etc.).
2º Momento:
- Desenvolvimento da proposta de avaliação, descrever como foi aplicada;
- Avaliação (como você avaliou os resultados da Proposta de Ação)
Autobiografia Escolar
Eu era ainda criança e, sentada nos bancos escolares, ficava encantada com tudo que ali acontecia. A escola, um sobrado imponente no centro da cidade, era um lugar bonito e agradável, muito limpo, com cortinas nas janelas, salão nobre com piano de cauda e cadeiras almofadadas. O pátio onde formávamos a fila ao toque do sino e cantávamos antes de entrar para a classe era grande, coberto e cercado por gramados, espaço magnífico para as brincadeiras da hora do recreio. Os professores sempre entravam na sala com muitos livros e materiais, estavam sempre bem vestidos e de bom humor, eram verdadeiras “autoridades”, tinham prestígio social, eram respeitados e tudo o que ensinavam tinha um grande valor. Como aluna, conheci uma escola alegre, otimista, que me levava a crer no valor do conhecimento, do estudo, dos professores e vislumbrar um futuro seguro.
Naquele tempo, na pequena cidade do interior em que morava, a programação na televisão começava apenas no final da tarde, quando passava alguns desenhos e logo a seguir o noticiário e as novelas, as quais, nós crianças, não tínhamos permissão para assistir. Também não existiam computadores, vídeo games e toda essa parafernália eletrónica que ocupa as crianças de hoje do amanhecer ao anoitecer. Tínhamos um quintal e tempo para nele brincar. Passávamos quatro horas na escola e mais umas poucas horas com as lições de casa; o restante do dia era preenchido com brincadeiras, dentre as quais “brincar de escolinha” era muito freqüente. Nessa brincadeira, por ser a mais velha entre os irmãos e primos, eu sempre era a professora e apesar de gostar, nunca pensei seriamente em seguir essa profissão.
Já adulta e formada em psicologia, por várias circunstâncias acabei em uma sala de aula. Mesmo depois de ter iniciado na profissão, por algum tempo pensava que seria uma ocupação apensa temporária. Mas fui ficando, passei por escolas públicas e particulares e acabei tomando gosto. Porém, com o passar do tempo, a realidade foi se desvelando e agora, na cadeira da professora, as coisas pareciam diferentes; o encantamento que sempre a escola despertou em mim parecia em alguns momento não existir mais. Uma inquietude quanto à vida profissional e ao trabalho de professora foi se apoderando de mim. Ao fazer o planejamento, tudo parecia certo e ideal, mas ao executar esse mesmo plano junto aos alunos tinha às vezes a sensação de que estava tudo errado. Sentimentos contraditórios, relativos às práticas que adotava em sala de aula, ao tipo de relacionamento com os alunos e às burocracias do sistema escolar, passaram a ser constantes. A insatisfação com o trabalho docente foi se tornando maior e mais freqüente do que a satisfação.
(...)Diferentemente de outros profissionais que também guardam a lembrança da escola e de seus antigos professores, penso que as imagens que guardei da escola e dos meus professores tenha um sentido especial e, em certa medida, determinem minha prática docente. Ao passar para o “outro Lado”, ou seja, ao passar do banco de aluna para a cadeira da professora, essas imagens são responsáveis por expectativas e afloram em ações que, talvez deslocadas do espaço e do tempo atual, sejam responsáveis pela insatisfação com o trabalho docente. Ao dar uma aula, desde a preparação até o momento de estar diante da classe, uma série de concepções são colocadas em jogo e talvez sejam nessas concepções que se possa encontrar a raiz de alguns desencantamentos. (...)
A escola sempre foi vista por mim como um lugar de aprender, onde deveria ouvir os professores, prestar atenção no que diziam, estudar, e estudar muito para tirar notas boas. Essa visão foi sendo construída ao longo do tempo, não apenas através do contato e da vivência na escola, como também por meio de meu ambiente familiar, onde a educação sempre foi muito valorizada. Desde criança ouvi muitas e muitas vezes que o mais importante era estudar, conhecer, para ser independente e livre. A escola estava lá, imponente; os professores também, seguros e convictos de sua missão. E eu deveria assimilar tudo que ali fosse ensinado para me tornar “alguém na vida”. Todas as condições estavam postas, qualquer nota baixa, qualquer tropeço, qualquer fracasso, eu seria a única responsável.
Mais tarde, já em outros tempos, quando a escola e os professores haviam perdido um pouco do fascínio e encantamento de outrora, eu me tornei professora. E essa visão de escola, formada na infância, passou a ter uma participação importante na construção de minha identidade profissional. Eu estava ali para ensinar e os alunos para aprender. Eu deveria dedicar-me e dar o melhor de mim e os alunos também. Tudo parecia muito simples. Quando eu era aluna, meus professores ministravam as aulas e falavam das coisas com uma convicção tão grande que a impressão que ficava é que aquilo poderia ser questionado. Pareciam verdades definitivas, o que proporcionava em nós, crianças e adolescentes daquele tempo, uma segurança muito grande. Depois que me tornei professora, no entanto, ao “ensinar” para os meus alunos, minhas dúvidas passaram a ser tantas, a convicção no que falava e no que fazia era tão frágil, tudo parecia tão efêmero, que o que era para ser simples acabou se tornando muito complexo.
A angústia e a insatisfação com o trabalho docente estavam constantemente presentes. Os alunos, por sua vez, também pareciam desencantados com a escola e demonstravam isso através do desinteresse. A maioria deles nunca lia o que eu indicava e isso me indignava. Não podia ser assim. Lembrava do meu tempo de aluna, que quando um professor indicava um livro ou sugeria qualquer atividade, aquilo era uma ordem que de modo algum poderia ser descumprida. Sempre ficava muito irritada com alunos que não tinham caderno, que não copiavam a matéria, que estavam na classe apenas de “corpo presente”. Tudo isso era ainda mais agravado pelo fato de eu estar dando aulas para o curso de Magistério, para futuros professores que, na minha opinião, deveriam ter determinados hábitos e muitos conhecimentos para serem bons professores. (...)
Flavinês Rebolo Lapso
Bueno, Belmira de Oliveira; Catani, Denice Barbara, Souza, Cynthia Pereira (Orgs.). A Vida e o Ofício dos Professores: formação contínua, autobiografia e pesquisa em colaboração. São Paulo/SP: Escrituras 1998.
Sistema de Avaliação
Cada trabalho individual vale 0,5 ( 6 X 0,5 = 3,0)
Serão ainda realizados dois trabalhos em grupo, elaboração das Propostas de Ação Coletiva. Cada participação em trabalho em grupo vale 0,5 (2 x 0,5 = 1,0).
O trabalho escrito final constitui-se em uma "Proposta de Ação Individual" desenvolvida (interlocução, aplicação e avaliação). Todos os trabalhos serão apresentados nos seminários que acontecerão ao final do curso. Esta atividade vale até 6,0.
Todas as atividades somados totalizam 10,0.
Proposta do Curso
A proposta é construir o curso junto com os alunos a partir de seus interesses e necessidades para que possam atuar como profissionais da educação.
O curso contemplará o estudo de diversos temas.
As aulas serão desenvolvidas por meio de aulas dialogadas, elaboração de trabalhos individuais e coletivos, seminários, reflexão e debates de filmes, textos e das propostas elaboradas pelos próprios alunos.